Ageu 1:5–6
Você trabalha muito, mas parece não obter os resultados esperados de seus esforços?
Você tem a impressão de que sua vida cristã está continuamente em modo de sobrevivência em vez de ter vida em abundância? (João 10:10)
Então olhemos para aquilo a que o Senhor quer chamar a atenção de seu povo, para extrairmos alguns pensamentos úteis.
Considerar
“Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.” (Ageu 1:5)
A expressão “considerai” se encontra quatro vezes no livro de Ageu e pode ser traduzida literalmente como “coloquem seu coração em”. O Senhor chama seu povo a considerar atentamente seus caminhos, a colocar neles seus corações, para calcularem bem as consequências.
O estado das coisas
“Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vestis-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado.” (Ageu 1:6)
Esta palavra do Senhor chama seu povo a se conscientizar com relação à sua situação. Em poucas palavras, o Senhor apresenta claramente o estado das coisas.
Fiquemos um pouquinho neste versículo para o examinarmos e tirarmos algumas reflexões.
Cinco detalhes
- Primeiramente, lemos que os israelitas semearam bastante, mas tiveram somente maus resultados. As colheitas definitivamente não estavam à altura do que esperavam. E quando isso se repete a cada ano, a situação rapidamente se torna precária.
- Em segundo lugar, eles comiam, mas não se satisfaziam. Só tinham o estritamente necessário para sobreviver. Em outras palavras, sempre estavam com fome!
- Em terceiro, eles bebiam, mas não o suficiente. A palavra hebraica utilizada aqui diz que eles não ficavam nem mesmo ligeiramente bêbados com o que bebiam. Seja porque o vinho era de baixa qualidade, seja porque simplesmente não tinham o bastante para que isso acontecesse.
- Quarto lugar: eles se vestiam, mas ninguém se aquecia. O tecido ou era muito fino, ou muito pequeno para lhes cobrir bem e mantê-los aquecidos. Aqui também, havia somente o necessário para não congelar de frio.
- Quinto: os obreiros não enriqueciam com seu trabalho. Seu rendimento somente dava para as necessidades. Não chegavam a fazer economia: a bolsa estava como furada. Tinham apenas o necessário, e nada em vista para melhorar sua situação.
Como povo terrestre de Deus, eles tinham motivo para esperar a bênção de Deus sobre o trabalho de suas mãos. Mas apesar de todos os esforços, eles tinham só o mínimo necessário para viver, ou, antes, sobreviver. Talvez não fosse miséria, mas tampouco era extraordinário. Por que isso?
Já chegaremos lá. Mas antes, consideremos alguns pontos como ilustrações para nossa própria reflexão.
Para aplicar essas coisas
Se o povo podia esperar a bênção de Deus quanto às coisas da terra, nós crentes, povo celeste de Deus, fomos abençoados “com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Efésios 1:3). Nossas bênçãos não são na terra nem em relação às coisas da terra. Nosso chamado é celestial, e nossa parte é com Cristo.
É então um grande erro para os filhos de Deus procurar a bênção de Deus nas coisas da terra, e esperar prosperar nesse caminho. Nossas bênçãos são em Cristo e são espirituais, e é por isso que devemos aplicar espiritualmente essas coisas à nossa vida.
- Por exemplo, será que passamos muito tempo lendo a Palavra de Deus, que é a semente incorruptível (1 Pedro 1:23), mas não temos senão um pequeníssimo proveito em nossa vida?
- Será que nossa meditação de cada dia parece não saciar a nossa alma e nos dar as forças necessárias para as atividades diárias?
- E será que a alegria da nossa salvação parece distante ou vacilante todo dia?
- Será que, em nossos corações, encontramos mornidão em lugar do zelo que deveríamos ter? O primeiro amor é só uma lembrança emoldurada na parede?
- Nossa alma prospera, ou sentimos que só temos o necessário para o momento presente?
Muitos entre nós podem se sentir nesse lugar. Mas para os israelitas, a solução não era trabalhar ainda mais, porque o resultado seria o mesmo. Retomando a imagem da bolsa, o buraco precisa ser localizado e fechado.
Aqui estão duas reflexões para nos ajudar a identificar aquilo que pode nos impedir de prosperar. Certamente há muitas outras, mas que estas possam nos ajudar a refletir e assim possamos, nós também, bem considerar nossos caminhos diante de Deus.
Primeira reflexão: O que queremos
Primeiro, mesmo que consagremos um pouco de tempo às coisas de Deus, mas se passarmos o resto do nosso tempo trabalhando para adquirir uma posição ou bens neste mundo, não podemos esperar prosperar espiritualmente. Os israelitas trabalhavam muito para seu bem-estar, mas não tiravam nenhum lucro porque haviam colocado de lado o verdadeiro serviço para o qual foram chamados. Seus esforços, e seu olhar, não estavam no lugar correto e, portanto, não tiveram a bênção de Deus. Lembremos do exemplo do apóstolo Paulo: “mas uma coisa faço”, ele diz, “e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:13–14). Não esqueçamos que “a aparência deste mundo passa.” (1 Coríntios 7:31.)
Segunda reflexão: Com o que nos ocupamos
Segundo, mesmo se passamos tempo diariamente a ler a Palavra, se nosso coração e pensamentos são invadidos de coisas más, então não devemos ficar impressionados de que a Palavra de Deus não cresça em nós, e que nossa vida espiritual fique fraca e inconstante. Em vez de sermos enchidos do Espírito, somos intoxicados pelo vinho do mundo. Aqui, é nossa falta de santificação a Deus que nos empobrece. O apóstolo Paulo nos apresenta outro bom exemplo: “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Coríntios 9:27). Não estamos mais na carne, mas no Espírito, e pelo Espírito somos chamados a mortificar os feitos do corpo (Romanos 8:13). “Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 6:11.)
Assim, se nós utilizamos nosso tempo e energia para as coisas do presente século, e não somos vigilantes para dizer não às concupiscências da carne, não receberemos, infelizmente, as bênçãos espirituais que tanto queremos. E o pior de tudo é que nós já temos essas bênçãos. Mas não as gozamos, pois estão sufocadas por outras coisas. Não temos senão o mínimo do mínimo, sem um progresso espiritual real.
Peçamos ao Senhor que abra nossos olhos a fim de vermos o que nos impede de gozar das bênçãos que temos em Cristo.
Não encontraremos nossas bênçãos neste mundo, nem satisfação no que ele tem a nos oferecer! Nossas bênçãos e verdadeira satisfação se encontram na pessoa de Jesus Cristo, somente.
Em resumo
Em resumo, os israelitas esperavam a bênção sobre seu trabalho, o que era legítimo aos seus olhos, mas só tinham o mínimo necessário. Eles tinham negligenciado o chamado de Deus para servir a seus próprios interesses. Se vemos que nossos esforços para crescer espiritualmente só produzem o mínimo necessário, o Senhor nos convida a considerar atentamente os nossos caminhos.
Estejamos atentos ao que ele tem a nos dizer. É esse o caminho para sermos ricamente abençoados por sua Palavra, alimentados por ele, termos o coração fervente por ele, e sermos enriquecidos com sua bendita pessoa!
Só em Jesus há satisfação completa.
Vamos a ele, vivamos por ele!
O Senhor vem!