Qual é a diferença entre o céu e o paraíso?
Para responder à pergunta, examinaremos a significação das duas palavras segundo as Escrituras.
Depois, lançaremos um breve olhar em dois pontos de vista a respeito do local histórico do paraíso. Este último ponto é importante porque causa um impacto no modo como abordamos as Escrituras.
Vamos direto a isso!
Duas palavras, dois significados
Céu
O céu é especificamente o lugar que Deus habita, e também os anjos, e é onde se encontra o nosso, ressurreto e vivo, Senhor Jesus.
As citações a seguir bastarão para comprovar este fato. — Lemos em Mateus 5:16: “vosso Pai, que está nos céus.” — No que concerne aos anjos, lemos em Mateus 24:36: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.” — E quanto ao nosso Senhor Jesus, lemos em João 3:13: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.”
O céu é chamado mais especificamente de “o terceiro céu” em 2 Coríntios 12:2. — O primeiro céu é o céu atmosférico. — O segundo céu é o céu astronômico. — O terceiro céu é o lugar onde Deus habita.
Paraíso
O paraíso é o lugar para onde vai a alma dos justos após a morte.
Esta palavra tem origem oriental e faz referência aos jardins dos reis e dos nobres da Pérsia; jardins repletos de tudo que a terra pode produzir de belo e de bom. No Novo Testamento, este termo é usado para descrever um lugar de prazer e de bem-aventurança celeste, um lugar de repouso onde os redimidos gozam da presença do Senhor Jesus depois da morte.
Examinemos o que o Antigo Testamento e o Novo Testamento têm a dizer sobre o paraíso.
No Antigo Testamento
De fato, no Antigo Testamento, vemos apenas um conceito geral do que acontece aos que morreram; eles vão a um lugar chamado Sheol.
Essa palavra hebreia é às vezes traduzida por mundo dos mortos, inferno ou sepultura. É o lugar onde vemos tanto justos quanto ímpios, sem realmente distinguir aonde cada um vai.
Com efeito, muitas passagens falam dos ímpios que vão para lá. Por exemplo: “Deixa confundidos os ímpios, e emudeçam n[o Sheol].” (Salmo 31:17)
Quanto ao fato de que os justos se encontram nesse lugar geral após a morte, vemo-lo no Salmo 16:10, também citado em Atos 2:27, falando profeticamente de Cristo. “Pois não deixarás a minha alma no [Sheol], nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.” (Salmo 16:10)
No Novo Testamento
No Novo Testamento, não encontramos a palavra Sheol. Em grego, é usada a palavra Hades para especificar o mesmo lugar geral.
Mas muitas outras coisas são reveladas no que concerne a este lugar.
Dois lugares diferentes
Em Lucas 16:19–31, Jesus fala de um homem chamado Lázaro e de um homem rico. Dali nós aprendemos que, após a morte, há um lugar para onde vão os justos, chamado o seio de Abraão, e um lugar para onde vão os ímpios. O justo já está consolado, enquanto que o ímpio já está em tormentos aguardando o julgamento final. Cada um está ou do lado dos justos, ou do lado dos ímpios.
Não há, absolutamente, nenhuma possibilidade de mudança após a morte. É necessário se arrepender e crer na obra de Cristo durante esta vida.
O seio de Abraão e o paraíso
O lugar para onde vão os justos — o seio de Abraão — corresponde ao paraíso. Isso é demonstrado em Lucas 23:43, quando Jesus fala ao ladrão arrependido. “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lucas 23:43)
Daí aprendemos que o paraíso é onde esse homem e Jesus vieram a se encontrar nesse mesmo dia. O seio de Abraão é claramente chamado de paraíso por nosso Senhor. Certamente foi uma grande consolação para o malfeitor saber que iria, naquele dia mesmo, para o lugar de prazer, de alegria e de descanso celeste.
A localização do paraíso
Em 2 Coríntios 12:2–4, onde Paulo fala de uma experiência que tivera, aprendemos que o paraíso se situa no terceiro céu. “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.” (2 Coríntios 12:2–4)
Paulo diz que foi arrebatado ao terceiro céu, arrebatado ao paraíso. Ele estava no próprio “paraíso de Deus” onde se encontra “a árvore da vida” da qual aquele que vencer comerá (Apocalipse 2:7). Esta é uma imagem do justo que se alegra na presença de Cristo para sempre.
Em Filipenses 1:23, Paulo diz ter “desejo de partir, e estar com Cristo”. Sim, para os remidos, partir é estar na presença completa de Cristo, no céu.
Em Apocalipse 6:9 lemos que “as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” são vistas “debaixo do altar”, que está no céu.
Em resumo
Em resumo, no Novo Testamento somos claramente informados que, quando um justo morre, ele vai para um lugar de bênção no céu — que é a morada de Deus e onde também está Cristo. Esse lugar é chamado paraíso. Mas quando um pecador morre, ele vai a um outro lugar para o qual só é usado o termo geral Hades ou Sheol, lugar dos mortos.
Isso não estava claro no Antigo Testamento, mas nós temos agora a revelação plena de Deus sobre o assunto.
Dois pontos de vista sobre o paraíso
Para terminar, pode ser útil mencionar que existem dois pontos de vista sobre a localização histórica do paraíso.
Alguns dizem que o paraíso sempre esteve no céu — exatamente como apresentamos aqui. Já outros dizem que o paraíso mudou de lugar depois da ressurreição de Cristo.
O paraíso no céu
O ponto de vista segundo o qual o paraíso sempre esteve no céu se baseia no fato de que a revelação de Deus é progressiva e que ela é completa no Novo Testamento. No Antigo Testamento, encontramos os princípios gerais, e no Novo Testamento temos o pleno desenvolvimento dos caminhos de Deus.
O paraíso movido para o céu
O ponto de vista segundo o qual o paraíso foi movido de um lugar para outro entende que aquilo que temos no Antigo Testamento é uma revelação completa e precisa do que eram as coisas, e que aquilo que temos no Novo Testamento é um novo estado de coisas.
Segundo esse ponto de vista, e utilizando Lucas 16 sobre Lázaro e o homem rico, é dito que o paraíso estava de um lado do Sheol, ou Hades, e que havia um grande abismo entre ambos. Diz-se que, quando Jesus ressuscitou, ele levou consigo os santos do seio de Abraão aos céus. Em outras palavras, o paraíso teria passado do Hades para o céu. Efésios 4:8 é usado para sustentar esse ponto de vista.
Mas essa passagem é uma citação do Antigo Testamento, e como o Antigo Testamento introduz os conceitos gerais sobre o que se passa após a morte, é necessário considerar essa passagem à luz das revelações mais claras do Novo Testamento!
De todo modo, mencionamos esse ponto de vista para que vocês saibam que ele existe.
Revelação progressiva
Mas como dissemos anteriormente, não podemos esperar ter uma revelação completa, clara e integral de todos os caminhos de Deus, no Antigo Testamento. O Novo Testamento completa e nos faz compreender plenamente o Antigo Testamento. É em Cristo, pelo Espírito de Deus, no Novo Testamento, que temos “todo o conselho de Deus” (Atos 20:27).
Por essa razão, são mais fortes os argumentos em favor de um paraíso que sempre esteve no céu.
Recapitulemos
Para recapitular, o céu é a morada de Deus, e o paraíso descreve o lugar aonde a alma dos redimidos vai após a morte. É um lugar de felicidade celeste e se situa no céu. Assim, quanto a isso, o céu e o paraíso são sinônimos. Eles representam o lugar para onde vai a alma dos justos após a morte.
Todos no paraíso estão esperando o dia da ressurreição, a fim de serem unidos de novo a seus corpos ressuscitados e glorificados.
Isso acontecerá em breve.
O Senhor vem!